quinta-feira, 14 de março de 2013


O inexorável tempo
 

Publicado em Opinião do Diário de Pernambuco, em 14.03.2013


 
No retrovisor da vida, eis que nos deparamos com o tempo que passou. Tempo quente, frio, seco, mas sempre inexorável, não volta atrás... Nem ele mesmo detém o seu próprio “tempo”. Algo que assusta e deixa perplexidade.

Tudo tem seu tempo, e nem sempre a pressa se ajusta no seu caminhar. Vivemos a mercê de um relógio imutável, sem defeitos ou falhas, sem pilhas, sem cordas...

Somos assim, escravos do tempo. Esse tempo que a cada segundo nos consome e não avisa, é silencioso, implacável na sua contagem, que é regressiva para nossa existência. O que fazer? Miramos o espelho todos os dias, mas nem sempre preocupados com o fenômeno que chamamos de tempo. De repente nos apercebemos de que o vazio ficou e ele já passou, e olhe que faz tempo...

Buscamos melhorar a aparência e métodos há vários como cirurgias, cosméticos, dentre outros. Com isso sempre achamos algo que ajuda a driblar os anos que se foram restando o desgaste que é lento, mas progressivo.

Isso é mais fácil perceber na aparência externa. Mas deixa que ele nos consome por dentro, também por desgaste que ele mesmo nos deu. Enfim, ele é o nosso dono e não adianta apelar, pois não temos como detê-lo. Essa escravidão não tem consolo algum e nenhum dos seres vivos escapa da voracidade daquele que determina a qualidade de nossas vidas.
Ele corróí como um cupim faminto e para confirmar sua presença nada desejável, deixa as marcas que ele mesmo não apaga...

Quando pensamos e nos reportamos ao passado, eis que o tempo nos aparece como figura principal e até dizemos: “...naquele tempo as coisas eram diferentes”, e afirmamos que recordar é viver. De fato, melhor dizendo, é reviver um passado que deixou saudade, mas por outro lado nos lamentamos o quanto mudamos. Mas ele não muda.
Seu relógio que não é biológico tem ponteiros céleres e imutáveis. Tanto é assim que só anda pra frente, diferentemente dos nossos relógios que alteramos até no horário de verão... Ele não tem estação do ano. Sua estação é o infinito e nós caminhamos para lá, se Deus quiser...

Pena que não temos como determinar ou escolher época ou data da chegada desse dia nada desejado para o corpo físico, onde o tempo estaciona. Mas lá bem distante, continuamos nossa jornada num estágio que não alcançamos enquanto vivos, mas o espírito vai até lá no infinito longe da nossa minguada imaginação.
Então, como não temos fórmula para alterar essa trajetória que é uma incógnita, o melhor é aproveitarmos da melhor forma esse nosso tempo, onde temos plena consciência da nossa existência.

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