terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Religiosidade, microcalia e aborto

Publicado no Jornal do Commércio
Coluna Caminhos da Fé - 12.12.2016

 

O mundo vive por esses tempos um problema que envolve a todos: a microcefalia. Trata-se de uma má formação congênita que assusta e apavora os pais que estarão submetidos a essa prova. É inconteste esse drama hora vivenciado em todo o mundo.

De um lado, conviver com um filho acometido de uma má formação que exige estudos profundos sem ainda vislumbramos uma vacina - por sua complexidade -, ja se constitui em um problema.

O grau de dificuldade em lidar com essa enfermidade justifica sua denominação: Síndrome Congênita do Vírus Zika,. O drama se aprofunda ainda mais, quando não existe um modelo assistencial específico para esse enfrentamento, aliado às precárias condições da saúde pública em nosso país. Esse é o lado físico do problema.

Porém existe algo muito sério de cunho religioso e moral a ser refletido! O verdadeiro cristão que admite que a Divindade nada realiza de forma imperfeita, jamais deverá pensar em ceifar uma vida indefesa, e mesmo que a vítima pudesse ter o direito de se defender, esse ato é inconcebível.

Fala-se ser  “direito da mulher” cuidar e fazer o que lhe aprouver no seu corpo. Contudo no ato do aborto ela não lida somente com o seu corpo. Ela destrói uma vida sobre a qual tem uma imensa responsabilidade, impedindo que aquele Espírito venha cumprir a missão acordada com a Espiritualidade Superior.

Quando temos nos sagrados mandamentos “não matarás”, não há exceção nessa Lei Divina. Ela é imutável, pois Deus é sabedoria suprema e rege todas as leis da natureza sem equívocos... O ato de matar um ser independe se é por conta do “corpo da mulher”, mas implica tão somente em transgredir a Lei Divina de forma cruel e inadmissível.

Aquele ser que está por nascer poderá servir como uma prova para os pais ou uma expiação nessa nova existência. Ao interromper essa vida estará a mulher tolhendo o “direito” que Deus concedeu ao Espírito que deseja cumprir a sua tarefa no Orbe.

O que garante a mulher essa prerrogativa de impedir o curso de uma vida que somente Deus tem o  direito de tirar? Ela tem o livre arbítrio para os seus atos e reportando-nos a lei da causa e efeito, essa atitude não ficará no esquecimento da Lei Divina.

No Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap.IV, Item 5, temos a palavra de Jesus: ”(...) Em verdade, em verdade, digo-te: Ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo.” É necessário que as mães e os pais tomem consciência da responsabilidade que assumem quando da geração de um ser... Teremos ainda a cobrança dos nossos atos quando à luz das nossas consciências cintilarem como sinal de alerta, na oportunidade em que ficarmos lúcidos quanto aos nossos passados. Alem disso, as leis humanas também serão acionadas para que seja feita justiça pelo crime cometido.

Assim vemos que o ato intencional de tirar uma vida é por si só motivo de remorso e sofrimento, e ainda, por ser interrompida uma missão do indefeso estará, também a autora adquirindo problemas futuros quanto a obsessão que sofrera por aquele a quem prejudicou. Em Mc 10:14-15, Jesus disse “ (...) Deixai vir a mim os pequeninos. Não os impeçais, pois deles é o Reino de Deus”.”Com toda a certeza vos asseguro: aquele que não receber o Reino de Deus como uma criança, jamais terá acesso a ele”.(Grifo nosso).

Essas afirmativas do Mestre nos exortam a respeitar primeiramente a Lei divina no seu 5º Mandamento. Estando o Planeta Terra em vias de transição para Planeta de Regeneração, a culpa de quem assim procede aumentará substancialmente, visto que poderá estar impedindo a última oportunidade daquele irmão encarnar nesse Planeta. Imaginemos o quanto será cobrada aquela que assim proceder?

 Luiz Guimarães Gomes de Sá
Trabalhador do Centro Espírita Caminhando Para Jesus

 

Nos bastidores d´alma

 
 
 
Publicado no Jornal do Commércio
Caminhos da Fé - 12.12.2016
 
No palco da vida os espetáculos que assistimos regra geral, são voltados para os acontecimentos sociais, ou seja, aqueles fatos e coisas que nos trazem impacto quando nos integramos e interagimos diariamente. É natural que isso ocorra considerando-se que tudo aquilo que está ao alcance dos olhos do corpo físico favorece a nossa percepção, ação e reação. Mas por outro lado temos um vasto arsenal praticamente ausente do espetáculo dos nossos dias. É nele que repousa um tesouro onde raramente buscamos conhecer o seu inestimável valor. Estamos falando das nossas “consciências”.

Se realizarmos um mergulho em nosso interior conseguiremos obter conhecimentos que nos libertarão das amarras das nossas incontáveis imperfeições ali cristalizadas. A dificuldade para esse mister é grande mas superável se tivermos perseverança nessa procura.  Iremos obter a cada dia informações que nos motivarão a continuar burilando esse lugar tão próximo, onde se encontram os registros dos nossos atos, que certamente continuamos a realizá-los da mesma forma e intensidade por ser esse o “molde” que temos para nos espelharmos... Teremos também o alerta para nossas tendências na presente existência possibilitando-nos também uma reflexão lógica e real para ajustarmos nossos rumos.

Nessa descoberta vamos encontrar impulsos e índoles em nosso “eu” que estão encobertos pelo desconhecimento. Para galgarmos os degraus da evolução é preciso que nos esforcemos, buscando nesse interior profundo respostas às inúmeras dúvidas e questionamentos que ainda existem em nossas mentes.

Sem esse trabalho perseverante estaremos estagnados, contrariando a Lei do Progresso que a Divindade decretou e que está vincula às nossas inúmeras existências. Tendo consciência dessa obrigação que será útil para a nossa caminhada, só nos resta enfrentar as dificuldades a serem vencidas, pois só dependem de cada um de nós os passos de nossa elevação intelectual e moral. Esses são os dois pilares que sustentarão nosso crescimento perante o Criador.

Devemos também entender que nosso objetivo na vida é essencialmente evolutivo. Nesse processo é imperioso que conheçamos a nós mesmos, já que não se pode progredir naquilo que se desconhece... Essas investidas contínuas são os desafios que temos para procedermos à reforma íntima necessária para os nossos propósitos de crescimento.

No livro Buscai e Achareis pg.10, psicografado por Francisco Cândido Xavier, temos entre outras, mensagens do Espírito Emmanuel: “As provas na Terra apresentam sempre o lado de luz de que são mensageiras. Entretanto, para observá-lo, urge reconhecer os sinônimos espirituais de que essas mesmas provas se revestem, como sejam: (...) encargo difícil - privilégio; dever cumprido - senda libertadora; lesão congênita - corrigenda no espírito; adversários - fiscais proveitosos; crítica - apelo a burilamento; lar em discórdia - área de resgate; parente complexo - dívida em cobrança;  sacrifício - crescimento espiritual;”.(Grifos nosso)

Tanto mais intensas forem essas revelações e seus ajustes, tanto melhor será o nosso progresso e assim procedendo, estaremos plantando novas sementes que servirão de alicerce para as caminhadas futuras que nos esperam...

Luiz Guimarães Gomes de Sá 
Trabalhador do Centro Caminhando Para Jesus

Todo processo tem seu curso natural

Publicado no Jornal do Commércio
Caminhos da Fé 28.11.2016

Na grande sinfonia das nossas existências constantemente saímos do ritmo e afinação em relação aos preceitos que o Cristo nos legou. Os sons que emitimos por pensamentos ou atos destoam da sinfonia da paz e da felicidade tanto nossa quanto dos nossos semelhantes...

Descuidamos da afinação do nosso instrumento principal que é o pensamento. A partir dele é que compomos a pauta que será seguida ao executarmos a programação a ser cumprida em mais uma etapa da vida.

O pentagrama que nos é ofertado pelo Criador para compormos a nossa melodia confere-nos  pleno direito de escolha daquilo que planejamos realizar. Se as virtudes como o amor e a caridade, que carregam em seus cernes o que mais puro existe, são destaques, teremos ao final da apresentação uma felicidade indescritível...

Contudo se falhamos na concepção e elaboração da obra iremos amargar dissabores e agruras no porvir, já que colheremos o fruto mal irrigado e pouco zelado. Esse descompasso nos remeterá a sofrimentos que nós mesmos buscamos ao plantarmos sementes enfermas. Esse estado de espírito que construímos não será útil para nós, nem para os irmãos que nos cercam. O primor da peça está em sua feitura e dela dependerá o resultado sonoro que irá ecoar em nossas consciências. Essa percepção se faz notar, já que sentiremos que aqueles atos equivocados deixarão marcas que teremos infalivelmente que reparar...

Procuremos, pois afastar esses “ruídos” que prejudicam os nossos passos diários na caminhada inexorável que temos que fazer, maculando a harmonia tão desejada para evoluirmos espiritualmente. O esforço para esse mister é inteiramente nosso! Não dependemos de outrem para palmilharmos estradas menos acidentadas...

Para tal, a perseverança, fé e esperança são o suporte nos quais devemos nos valer, inclusive a paciência é uma virtude indispensável para esse desiderato. Sem ela tudo estará fadado ao insucesso, já que ao cultiva-la temos oportunidade para reflexões que direcionarão nossas atitudes construídas no pensamento diário.

Como dádiva Divina nessa orquestra somos compositores, instrumentistas e regentes, cabendo-nos total responsabilidade no efeito sonoro que iremos produzir. Mas nesse contexto devemos admitir que os ensaios tornam-se imprescindíveis para a consecução desse trabalho.

É nesse ponto que devemos ter consciência de que a Terra serve de estágio probatório e exige provas daquilo que praticamos. Assim sendo, os deslizes durante esse processo de maturação espiritual devem ser devidamente alinhados ao longo dos dias. A tarefa é árdua, já que nossos arquivos estão repletos de registros nefastos de vidas passadas e presentemente nossa evolução dependerá do descortino de tantas imperfeições que nos assolam no cotidiano.

Tenhamos ainda convicção de que o processo tem seu curso natural e não devemos nos cobrar resultados imediatos nem tempestivos. A perseverança se faz necessária para que sejamos exitosos.

Enfim, a sinfonia por enquanto está inacabada! Mas o tempo testemunhará o esforço empreendido para sua conclusão, que após a longa trajetória teremos o repouso duradouro com a paz excelsa que buscamos nesse caminhar evolutivo. “Nossa harmonia interior é fruto das nossas conquistas diárias que, por sua vez, dependem da qualidade dos nossos pensamentos”.

 Luiz Guimarães Gomes de Sá
Trabalha no Centro Espírita Caminhando Para Jesus

Frevo do Paço x Frevo sem passo




Publicado no Diário de Pernambuco
Opinião 25.11.2016

Nada obstante ser o frevo Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro desde 2007, ano do seu centenário e Patrimônio Imaterial da Humanidade, outorgado pela UNESCO, em 05 de dezembro de 2012,, o valor que se dá ao mesmo deixa muito a desejar.

Esse descaso e omissão parte principalmente do poder público, em particular da Prefeitura do Recife. Há dois anos que não se realiza o Concurso de Música Carnavalesca exigido por Lei... Os governantes entendem que estão acima de tudo e de todos. Se existe lei é para ser cumprida.

Absurdamente essa irresponsabilidade prejudica o nosso cartão postal musical. Pernambuco sempre foi conhecido como um celeiro de ritmos e Recife como a Capital do Frevo. Mas a sensibilidade dos governantes não despertou para valorizar o que é nosso... É lamentável! Sempre entendi que descumprir lei é transgressão passível de penalidades. E esses governantes por acaso são punidos? O que falta para que sejam enquadrados? Qual a atitude dos vereadores que têm o dever de fiscalizar as ações do executivo?

O descompasso entre o dever e o alcance do valor cultural do frevo dá-nos uma realidade cruel quanto ao respeito pelas coisas do povo... É a certeza de impunidade que alimenta a omissão deles. Muitos compositores lamentam e tantos outros reclamam! Mas de concreto o que fazem? O que falta para os maestros, compositores e intérpretes do frevo tomarem uma iniciativa para dar um basta nisso?

Não adianta lamentos isolados! É preciso agir, tomar uma posição, já que admitimos que omissão é cumplicidade em tudo que acontece. Aí está o Brasil falido financeira e moralmente como exemplo maior da falta de atitude da sociedade. Estamos no entardecer do ano e não será surpresa se emplacarmos o terceiro ano sem a realização do Concurso de Músicas Carnavalescas...

Enquanto o Paço do Frevo exorbita em estrutura, beleza e acolhimento, temos o frevo sem passo e sem vez, tal qual o ancião brasileiro esquecido pelas autoridades governamentais...

Esse é o preço que o Recife paga pelo descom(passo) do frevo !!!        

Luiz Guimarães Gomes de Sá
Médico e Membro da Academia Pernambucana de Música