sábado, 12 de dezembro de 2015

E o frevo continua? Sim, continua!



Luiz Guimarães Gomes de Sá
Médico e membro da Academia Pernambucana de Música
 
Publicação: Opinião do Diário de Pernambuco 12/12/2015

 
Estamos no ocaso do ano de 2015, e mais uma vez decepcionados com a Prefeitura do Recife pela omissão e falta de interesse pelo frevo, Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro desde 2007, ano do seu centenário, tendo recebido também o titulo de Patrimônio Imaterial da Humanidade, concedido pela Organização das Nações Unidas (UNESCO), em 04 de dezembro de 2012. Para quem não sabe isso é o frevo pernambucano!
Mas aqui no seu nascedouro o descaso vem de longe e na gestão do prefeito João da Costa, pela primeira vez não ocorreu o Concurso de Música Carnavalesca, sendo descumprida a Lei 8.666/93 e suas alterações através da Lei 3.346/55. Já na atual gestão municipal há dois anos que o referido certame não tem vez. Ora, em primeiro lugar consideremos que o frevo é o nosso cartão postal e deveria ser orgulho para todos nós, principalmente pelos gestores públicos que devem preservá-lo.

Mesmo com essas honrosas comendas que muitos países gostariam de ser contemplados, aqui o seu valor não é devidamente reconhecido. A desculpa para o ano de 2015 deverá ser obviamente a “crise” econômica. E em 2014? Faltou vontade política e ficou no esquecimento... Pelo visto a irresponsabilidade que existe pela expressão maior da nossa cultura musical está em alta. É lamentável que o vírus da insensibilidade se propague neste particular com tanta avidez...

Então, por que não revogar a citada Lei? Se existe somente no papel e não é respeitada não há razão de sua existência. Seria um ato de grandeza deixar publicamente que não há interesse pelo frevo e o povo ficaria sabendo de uma vez por todas, conforme o ditado popular: “santo de casa não faz milagre...”.
Enquanto os maestros Spok e Forró fazem o maior esforço e são consagrados com expressivo sucesso no exterior mostrando no mundo o valor musical do frevo, vivenciamos aqui uma total alienação para algo que transcende nossas fronteiras chegando a um público qualificado e exigente sendo aceito com louvor.

Registramos com especial apreço o artigo veiculado em Opinião deste Jornal, em 20.11.2015 de autoria do compositor André Rio que corrobora nossas assertivas.


Mas o frevo continua! Continua altivo apesar de tudo isso! E os pernambucanos e recifenses em particular, vão singrando os mares revoltos do descaso político preservando esse barco frevoroso para as gerações futuras...

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