sábado, 2 de janeiro de 2016

Justiça, moralidade e cidadania

 
Publicado em Opinião do Diário de Pernambuco 02.01.2015

Os tempos hora vividos parecem-nos sombrios e preocupantes quanto ao legítimo direito de cidadania. Os princípios constitucionais estão sendo desconsiderados abertamente sem que nenhuma voz se alevante, deixando crer que o barco está sem rumo certo e o porto seguro está longe de ser alcançado.

Há muito inexiste o direito de ir e vir “são e salvo”. A segurança do cidadão encontra-se unicamente alicerçada em sua fé em permanecer vivo. A imagem das residências engradadas reflete essa cruel realidade.

Quanto aos meliantes, apesar de ocuparem os presídios até de “segurança máxima”, continuam comandando a criminalidade como se houvesse uma cumplicidade de muitos que ali estão e também a existência de uma incompetência crônica e generalizada dos governos que se sucedem.
 
Isso não é tudo! A justiça, como último reduto do homem e que tem o dever de atuar com isenção e respeito aos princípios legais, encontra-se contaminada pelo vírus da corrupção que assola o País de forma desenfreada. Ora, onde não há justiça não há ordem nem tampouco segurança.

A hierarquia virou piada; o desrespeito às decisões judiciais prova que estamos em um regime anárquico. Enfim, o que se espera desse Brasil cuja bandeira tremula com citação tão significativa como: “Ordem e Progresso”? Outrora se dizia que seríamos o País do futuro e agora já estamos nesse sombrio futuro, cuja esperança esfacela-se ao navegarmos sem rumo certo sob densas e escuras nuvens...

Até quando a sociedade suportará tantos desmandos e descompassos na gestão pública como em outros setores que envolvem nosso cotidiano? Quando teremos um real e vigoroso grito de revolta para que esse status quo seja eliminado em definitivo? A história revela exemplo da exaustão da sociedade quando o descaso e a desordem chegam ao limite da tolerância.

Temos que nos preocupar com o amanhã tão incerto que poderá ser desastroso para todos nós, onde o confronto de ideias e princípios tende a colidir frontalmente ensejando momentos de tensão que poderão resultar numa memória nada auspiciosa para toda a nação.

Luiz Guimarães Gomes de Sá
Médico e membro da Academia Pernambucana de Música

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