O conforto no desencarne
Publicado no Jornal do Commercio
Caminhos da Fé 17.04.2022
O desencarne é algo inevitável. Todos nós seremos
submetidos a essa passagem que faz parte da nossa trajetória evolutiva. As
diversas culturas do mundo vivenciam de forma diferente o enfrentamento desse
momento difícil, proporcional à concepção de cada povo. Não é fácil
resignar-se sem crer na reencarnação, que nada mais é do que parte da caminhada
do Espírito imortal em suas inúmeras existências.
Diversas religiões da antiguidade acreditavam na
vida após a morte, a exemplo do Budismo e Hinduísmo. Sócrates (468-400
a.C.) defendia o dogma da imortalidade da alma e da vida futura, e Platão
(428-348 a.C.) dizia que a alma é imortal, antecede o nascimento e reencarna
diversas vezes.
Encontramos no livro Os Mensageiros, pg.6, Editora
FEB, psicografia de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito André Luiz: “A
morte física não é salto do desequilíbrio, é passo da evolução, simplesmente”.
(...) “O progresso não sofre estacionamento e a alma caminha, incessantemente,
atraída pela Luz Imortal”.
Para os que acreditam que a vida não se limita do
berço ao túmulo, o desenlace é uma simples “porta” para que o Espírito retorne
a sua verdadeira essência. Essas idas e vindas fazem parte do contexto da vida
num processo dinâmico, constante e infinito para a evolução espiritual.
Como Espíritos em “estágio probatório” no presente
corpo físico, vivemos um intercâmbio contínuo com o mundo espiritual. Como
exemplo, temos o sono, onde os sonhos são pequenas “viagens” em que o Espírito
está momentaneamente liberto.
Léon Denis nos diz no livro Depois da Morte, pg.
161: “Na realidade, nada morre. A morte é apenas aparente. Só a forma exterior
muda; o princípio da vida, a alma, mantém-se na sua unidade permanente,
indestrutível”. Atentando para essa realidade, a aceitação da partida do ente
querido consolida-se na fé e na esperança do amanhã, amparadas que estão nas
Bem-Aventuranças anunciadas por Jesus. É com esse suporte que sustentamos a
certeza de que sempre teremos existências futuras para os necessários ajustes e
correções de rumos.
Para o Espírito que parte, corresponde à
libertação do corpo físico, que é um “presídio” para que possa cumprir os
trabalhos que o levarão à redenção de suas iniquidades. Passada essa fase,
o Ser inteligente do Universo segue o espaço infinito com sua visão
ampliada, diferentemente daquela vivenciada de forma reduzida na vida corpórea.
Na Revista Espírita de fevereiro de 1864, pgs.76 e
81, consta: “(...) A reencarnação é necessária enquanto a matéria domina o
Espírito”. “(...) A verdadeira amizade, o verdadeiro amor, sendo espiritual,
tudo que se refere à matéria não é de sua natureza e em nada concorre para a
identificação material”. Nesse caminhar há o alento da libertação relativa,
visto que os acertos decorrentes da trajetória evolutiva não se completam numa
única existência. Trata-se de um processo lento e progressivo, onde galgamos
degraus elevados em razão do nosso esforço para esse mister.
Para os que ficam, há o conforto no cessar das dores
do corpo efêmero que, em muitos casos, não mais responde aos agravos do
desgaste orgânico. Enfim, o desencarne é um “até breve” considerando que a
Família de Deus transcende à família consanguínea do ser humano. (Quem vive na
incerteza sofre nos descaminhos da vida).
Luiz Guimarães Gomes de Sá
Trabalha no Centro Espírita Caminhando Para Jesus
www.cecpj.org.br cecpj You Tube
Nenhum comentário:
Postar um comentário