segunda-feira, 3 de dezembro de 2012


 
 
 
 
FIM DE UMA ERA
 

Monólogo

 
José Menezes

 
Dos cento e seis anos do frevo

Setenta eu participei;

comecei inda menino

toquei, compus e dancei.
 

Comecei eu trinta e seis

com treze anos de idade,

tocando no carnaval

com a banda da minha cidade.
 

Pra compor frevo estudei

com os mestres de antão,

pra não fazer tudo errado

e dizer que e inovação.
 

Carnera, sim, inovou

com “Vassourinhas no Rio”;

a estrutura do frevo

renovou e não boliu.
 

Toquei frevo na Europa,

América de norte a sul,

Só não toquei no Japão

Porque era contramão.

 
Com Nelson, Capiba e Zumba,

No tempo dos festivais,

Nossos frevos comandavam

aqueles bons carnavais.

 
Na disputa ombro a ombro

com aqueles monstros sagrados,

tinha que fazer bonito

com frevos bem caprichados.


Levino era o Pajé!

no frevo – de - rua, o melhor.

Santiago e Edgard

Eram de fazer chorar.


Foi quando Luiz Bandeira

apareceu para cantar;

“ôh“ quarta-feira ingrata,

Vem só pra contrariar”.


Quando Getúlio chegou

com o “Bom Sebastião”,

a gente reconheceu

que estava ganhando um irmão.


Pensando num frevo quente

pra animar a folia,

Guimarães fez o “Primeiro”

E Levino o “Último dia”.


Já cansado de tocar,

compor, cantar e dançar,

resolvi neste milênio,

minha orquestra acabar.


Reuni os companheiros

numa noite especial;

no ano dois mil e seis,

domingo de carnaval.


Comuniquei meu desejo

de tomar tal decisão.

Sair da cena é difícil,

mexeu com eu coração.


Setenta anos de luta,

alegria e boemia...

se tudo passa na vida

o bom também vai passar.


Por isso o Rei Momo disse:

“PARA ZÉ... É HORA DE DESCANSAR”


Recife, 05-02-2012

 

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